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Trumbo: Lista Negra

(Trumbo, EUA, 2015)

Drama
Direção: Jay Roach
Elenco: Bryan Cranston, Michael Stuhlbarg, David Maldonado, John Getz, Diane Lane, Laura Flannery, Helen Mirren, David James Elliott, Jason Bayle, James DuMont, Alan Tudyk, Louis C.K., Dan Bakkedahl, Richard Portnow, Roger Bart, Johnny Sneed, Peter Mackenzie, Elle Fanning, John Goodman, Stephen Root, Dean O’Gorman, Christian Berkel
Roteiro: Bruce Cook (livro), John McNamara
Duração: 124 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

Final dos anos 40, início dos anos 50. Os Estados Unidos viviam o começo de uma nova guerra: a Guerra Fria, uma disputa bélica e tecnológica entre eles e sua maior rival, a União Soviética. Rapidamente esqueceu-se que ambos lutaram do mesmo lado para derrotar o Eixo e o que passou a importar foi a dominação de povos e territórios, a supremacia.

Como de costume – e vimos isso recentemente -, a terra do Tio Sam investiu pesado em uma campanha para difamar o sistema econômico e social adotado pelo país rival. Com o outro lado fazendo a mesma coisa. A propaganda pesada, mesmo método usado por ditadores famosos no passado, foi adotada dos dois lados.

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Do lado ocidental, gerou-se, então, um pânico em torno do perigo comunista, que foi ganhando proporções absurdas. Entre espionagens sobre os próprios cidadãos – alguma coisa que também vimos recentemente -, comitês e leis foram criadas.

Em Hollywood não era diferente. Com grande parte de seus membros filiados ao partido comunista, a caça as bruxas foi grande. Entre os caçadores de maior destaque estavam Getta Potter e Bruce Wayne. Em meio a um movimento dos roteiristas para maior reconhecimento pelas obras finalizadas, eles se tornaram o primeiro alvo.

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Entre os nomes estava o de Dalton Trumbo, um dos melhores e mais reconhecidos roteiristas de Hollywood, responsáveis pelos roteiros de Spartacus, A Princesa e o Plebeu, Papillon e Johnny Vai à Guerra, entre outros. Recusando-se a depor no Congresso sobre sua inclinação partidária, Trumbo tornou-se um dos Dez de Hollywood. A lista, formada por roteiristas em sua maioria, incluía os nomes de profissionais do cinema envolvidos com o partido comunista. Todos foram condenados a um ano de prisão.

Trumbo: Lista Negra vai resgatar esta história, tendo como personagem principal, como o nome indica, Trumbo. Retratando os bastidores daquela Hollywood do tempo batizado como caça às bruxas, traz vários personagens conhecidos do período entre eles, Edward G. Robinson, John Wayne, Sam Wood, Kirk Douglas, Otto Preminger e a terrível colunista Hedda Hopper, responsável pela coluna de cinema apresentada no cinejornal que antecedia os filmes.

O reconhecimento do público desses dois extremos é interessante, tanto por conhecer os bastidores de um momento vergonhoso na cultura estadunidense, como pela questão social, melhor abordada no final do filme. Além de trazer uma reflexão interessante, quando o próprio Brasil passa por um momento de polaridade, com campanhas similares de disseminação de medo, iguais às exibidas no filme.

Tecnicamente, Trumbo: Lista Negra é um bom filme. Com um roteiro redondinho e uma montagem quadrada, ganha pontos nas atuações dos antagonistas Bryan Cranston, como Dalton Trumbo, e Hellen Mirren, como Hedda Hopper. Esta ainda melhor do que aquele, que ainda se deixa contaminar por alguns excessos em momentos específicos. Os dois estão muito bem acompanhados do elenco secundário, acertadamente escalado.

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A reconstituição de época também merece ser destacada. O bom desenho de produção de Mark Ricker, com cenários de Cindy Carr e figurinos de Daniel Orlandi, conseguem trazer a época de volta às telas, fazendo com que passagens resgatadas do período se adequem perfeitamente ao que se vê.

A impressão de filme homenagem também não é tão positiva ao filme, por fazer com que a história seja abordada de maneira mais glamourosa e menos profunda do que deveria. A grave questão é abordada, explícita, mas talvez só consiga ser menos superficial em uma ou duas passagens.

Mas merece ser visto, principalmente agora.

Um Grande Momento:
O discurso.

Oscar-logo2Oscar 2016 (indicações)
Melhor ator (Bryan Cranston)

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Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ArfsJGPdPr8[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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