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Tim Maia

(Tim Maia, BRA, 2014)

Drama
Direção: Mauro Lima
Elenco: Robson Nunes, Babu Santana, Alinne Moraes, Cauã Reymond, Valdineia Santos, George Sauma, Tito Naville, Luis Lobianco, Laila Zaid, Marco Sorriso, Denise Sumont
Roteiro: Mauro Lima, Antônia Pellegrino
Duração: 140 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Além de ser um grande musicista, Tim Maia era uma figura incrível, daquelas que a história interessa a qualquer um. As passagens daquela tumultuada vida puderam ser conhecidas assim que chegou às estantes a biografia escrita por seu amigo, o produtor musical Nelson Motta. Quem teve oportunidade de ler o livro teve uma certeza, aquela história dava filme.

Rodrigo Teixeira, o produtor que tirou leite de pedra e levou Frances Ha às telonas, também acreditou nisso. Baseado em um outro livro sobre o cantor, escrito por seu amigo Fábio, Tim Maia chegou ao cinema, com sua música e sua história impressionante. E com todas as possibilidades de dar certo: atores bem escalados, uma boa ambientação e as canções que se tornaram eternas. Mas as coisas não sairam como esperado.

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Aquele problema comum de filmes biográficos nacionais, onde a história é picotadíssima e carece de unidade. Como se muita coisa tivesse sido cortada da montagem final, como se o produto final fosse mais um seriado de televisão com muitos capítulos. Para piorar, uma clara falta de crença, ora na potência do material que se tem em mãos, ora na capacidade cognitiva da plateia, acabou por trazer aquela terrível figura da narração em off, aqui mais nociva do que em outros filmes.

Fábio, vivido por Cauã Reymond, acabou ficando com as vezes desse narrador e quase aparece mais no filme do que o próprio protagonista. Tudo, ou quase tudo, que se vê nas telas é antecipado ou explicado pelo ele. Se tem um velório acontecendo, Fábio chega para falar “fulano morreu”. Mas a descrença ultrapassa o off e também pode ser percebida nos diálogos. Parece muito com televisão e seus programas feitos para serem vistos sem olhar para a tela.

Mas, atrás de um problema tão grave está a imponente figura de Tim Maia e, mesmo sendo muito difícil deixar o quase insulto de lado, o espectador acaba prestando atenção no que o cantor representa e nas suas aprontações por aí. Muito pela peculiaridade de sua história, mas muito também pelas participações de Robson Nunes e Babu Santana. A dupla de atores está realmente muito bem como o ícone da música nacional, e é acompanhada a contento pelo elenco de apoio, que, além de Cauã, inclui Alinne Moraes, George Sauma, Laila Zaid, Luis Lobianco e Marco Sorriso.

O longa ainda tem bons momentos e composições de cenas inspiradas. A recriação de época, que vai dos anos 40 aos 90, realizada pela diretora de arte Valeria de Felice e a figurinista Reka Koves, também merece destaque.

No final das contas, algumas passagens vão divertir e entreter, podendo até emocionar alguém. A música também vai contagiar. Mas uma coisa precisa ser dita, já passou da hora de desvincular as linguagens de televisão e cinema. Não adianta mesclar imagens e conceitos se cada um conversa de um jeito com a sua audiência. Mesmo em tempos de uso desenfreado de celular, ninguém que resolve entrar em uma sala escura precisar ser guiado o tempo todo, como fazem as novelas.

Um Grande Momento:
Estreando a casa nova.

Tim-Maia_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=h5ZsRsfSep8[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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