Crítica | Outras metragens

Time Out

Ordens são ordens

(Time Out, ISR, 2023)
Nota  
  • Gênero: Ficção
  • Direção: Rita Borodiyanski
  • Roteiro: Rita Borodiyanski
  • Elenco: Suzann Papian, Masha Seman
  • Duração: 19 minutos

Toda guerra é sem sentido e há um conflito no Oriente Médio bem conhecido por todos que se arrasta há anos. Falo da guerra entre Israel e Palestina. É nesse contexto, entre os dois territórios, que se desenrola a trama de Time Out, curta-metragem de Rita Borodiyanski. Nele, uma jovem soldada das forças armadas israelenses que está de serviço em um posto na fronteira vivencia algo inesperado.

A diretora israelense, que também assina o roteiro do filme, não esconde sua percepção do conflito e, em sua concepção, expõe seu posicionamento. Tratando do serviço obrigatório, fala do endurecimento que surge com a repetição e da inabilidade e estranhamento por aqueles que ainda não se habituaram com a função, na figura da novata protagonista. Ela também trata da insensibilidade com questões que estão além daquela realidade, mas são decorrentes de frustrações pessoais, muito além do que é visto. 

Sobre o conflito em si, Time Out traz outra personagem, a palestina Suhela, que representa a irritação com a situação. Há muito dito nas pedras que são atiradas contra pessoas que carregam armas de alto calibre nas costas, ainda que não exista a intenção dos soldados de usá-las contra ela. E é interessante como Borodiyanski encontra um jeito para tratar da incomunicabilidade na situação que justifica o título do filme. 

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Neste momento, não só aquelas duas mulheres (Suzann Papian e Masha Seman em ótima forma) se conectam como quem assiste ao filme se envolve com ambas. Com o passar do tempo, se conhece mais sobre elas, sobre suas vidas e se conclui aquilo que é óbvio em qualquer guerra, somos todos iguais em nossas batalhas individuais cotidianas.

O final de Time Out é duro e, mantendo a postura assumida pela diretora desde o primeiro momento, critica posicionamentos e determinações do estado. Simples e direto, é um filme que faz pensar e permanece com o espectador por algum tempo depois de seu final. 

Um grande momento
“Eu não posso”

[19º HollyShorts Film Festival]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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