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Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma

(Star Wars: Episode I – The Phantom Menace, EUA, 1999)

Ficção Científica
Direção: George Lucas
Elenco: Liam Neeson, Ewan McGregor, Natalie Portman, Jake Lloyd, Ian McDiarmid, Terence Stamp, Samuel L. Jackson, Sofia Coppola, Keira Knightley, Sally Hawkins, Pernilla August, Ahmed Best, Anthony Daniels, Kenny Baker, Frank Oz, Ray Park, Dominic West
Roteiro: George Lucas
Duração: 136 min.
Nota da Cecilia: 4 ★★★★☆☆☆☆☆☆
Nota do Rodrigo: 5 ★★★★★☆☆☆☆☆

Depois de ganhar rios de dinheiro com a trilogia Star Wars – que de certo modo redefiniu os blockbusters e firmou o uso de franquias no cinema -, George Lucas volta à sua história original para contar o começo de tudo, também com três filmes. Logo no primeiro, Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma descobrimos que o objetivo é esclarecer a origem do personagem mais icônico da saga, Darth Vader.

Como em todos os episódios anteriores, eis aqui uma questão política por trás da história. O planeta Naboo está sofrendo embargos por parte de uma aliança separatista, liderada pelo vice-rei da Federação do Comércio. Com o insucesso da tentativa de acordo com os representantes jedis, a rainha, acuada pelo prenúncio de guerra, resolve pedir a ajuda do senado intergalático, e parte com os mestres Qui-Gon Jinn e Obi-Wan Kenobi.

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É por acaso que o destino dos três se cruza com o do jovem Anakin Skywalker, escravo de um toydariano dono de ferro-velho procurado por eles depois que a nave apresenta problemas. A presença da Força no menino chama a atenção de Qui-Gon Jinn e, depois que ele se expõe ao perigo para salvar a missão, o mestre jedi resolve que vai treiná-lo.

Usando o mesmo estilo dos filmes anteriores no prólogo, que ambienta o espectador com créditos amarelos que sobem como uma nave no espaço sideral, resgatando personagens interessantes dos filmes anteriores e contando com um elenco de estrelas, o filme chama a atenção de quem o assiste.

O envolvimento, porém, não demora muito a ser comprometido. Com um poderio tecnológico muito mais impressionante do que o anterior, o longa-metragem vai se perdendo em um sem número de personagens visualmente esquisitos, muitas quinquilharias e naves fantásticas e uma profusão de novos efeitos visuais. Deixando o mais importante, o enredo, em segundo plano.

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A trama política é, sem dúvida, o que há de melhor no filme, mas a impressão constante é que, mesmo com esse ponto positivo, havia história de menos e vontade de mais de mostrar onde se pode chegar. Com o descaso ao mais empolgante, tirando as viagens, a corrida, as lutas e o desfile de seres secundários e menos importantes à trama, o que sobra é muito pouco para um filme com 136 minutos de duração.

Mas mesmo com uma história esticada e pouco produtiva, sem se apegar à politicagem, era possível que George Lucas, que aqui deixa de lado o papel de idealizador para assumir também a direção do filme, se dedicasse a histórias específicas, tramas secundárias que ali estão e poderiam dar um bom caldo. Mas é tudo tão poluído e pouco explorado que não há como prestar atenção.

Com o descaso pelo bom uso de um argumento que poderia ser interessante e o excesso de beleza, A Ameaça Fantasma tenta encontrar no humor um meio de continuar o seu caminho. Mas, forçada, a alternativa pouco se encaixa aos personagens ou momentos em que é utilizada. A falta de equilíbrio pode ser percebida, inclusive, na distribuição da ação. Já temos dois mestres jedis humoristas, era mesmo necessário arrumar um side-kick a la Burro do Shrek para ambos?

E por falar em Jar Jar Bing, toda a passagem na cidade subaquática dos Gungans é excessiva. Seja visualmente, seja na figura do líder soberano, com seu jeito de falar e suas babadas. Eis aqui um exemplo claro de uma vontade de mostrar maior do que se havia para contar. Leva-se muito tempo com as cenas no local, para apenas justificar um outro momento visualmente impressionante, a chata batalha contra os droides da aliança separatista. E a passagem não acaba com o acordo, ainda temos brigas de peixes e uma perseguição subaquática, sem função nenhuma na trama.

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As melhores cenas são aquelas que casam a capacidade de causar alguma ansiedade com a qualidade visual, seja nos efeitos visuais ou na coreografia, como a corrida de Anakin ou a luta entre Qui-Gon Jinn e Darth Maul, cuja única função é dizer que Darth Sidious estava recrutando aprendizes. Mas são tão poucas e todas acabam escanteadas e diminuídas por outras nem tão empolgantes, nem tão importantes.

Sobram do filme algumas curiosidades, como as participações de nomes conhecidos no elenco, como Liam Neeson, Ewan McGregor, Natalie Portman, Terence Stamp e Samuel L. Jackson, e pontas interessantes, como as de Sofia Coppola, Keira Knightley e Sally Hawkins.

Não que tudo o que tenha sido visto não seja interessante. A volta à mitologia do messias, o escolhido, que resolveria todos os problemas do universo e traria a paz para a galáxia, ou a construção de um personagem perdido entre a candura e a arrogância, entre o altruísmo e o egoísmo, é interessante, mas é pequena demais para a duração do filme, além de estar competindo com a vontade de um diretor megalomaníaco que quer compensar os anos que passou parado redesenhando sua antiga trilogia Guerra nas Estrelas sem a tecnologia adequada, colocando tudo em um único filme.

Definitivamente, Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma está bem longe de ser um bom começo para uma trilogia que vai resgatar outra tão icônica quanto a iniciada em 1977.

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Curiosidades

Para o lançamento de A Ameaça Fantasma, já víamos o fanatismo que vemos hoje em dia. No lançamento do trailer, 75% dos espectadores que pagavam a entrada saiam do cinema assim que o trailer acabava.

Todas as portas dos cenários tiveram que ser reconstruídas, pois Lian Neeson é tão alto que não conseguia passar por elas sem se abaixar.

A música tema de Anankin Skywalker é uma variação da Marcha Imperial de O Império Contra-Ataca.

Colaboração Rodrigo Strieder

Um Grande Momento:
A luta de Qui-Gon Jinn e Darth Maul

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Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Qevgatrkxl8[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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