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Síndrome de Pinocchio

(Síndrome de Pinocchio, BRA, 2008)

Ficção Científica

Direção: Thiago Moysés

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Elenco: Rafael Farias, Andrade Junior, Clara Camarano, Hugo Rodas, Bruno Resende, Michele Soares, Thaís Strieder, Nielson Menão, Luiz Fadel. Lísia Galli, Arthur Tadeu Curado, Mateus Ferrari, Fabiana Soares, Alana Ferrigno, Gabriel Morgado, Larissa Brandão, Cecília Mayumi, Hugo Leonardo, Tatiane Ramos

Roteiro: Thiago Moysés

Duração: 124 min.

Minha nota: 4/10

Fui informada que, no dia 10 de março estréia, em Brasília, uma nova versão de Síndrome de Pinocchio.

Esta nova versão, totalmente diferente da anterior, com uma duração menor e muitas mudanças, foi a que entrou na lista dos dez concorrentes à possível vaga ao Oscar de melhor filme estrangeiro e está agora selecionada para a 33ª Mostra de São Paulo, que acontece de 23 de novembro a 5 de outubro, na capital paulista.

Uma nova crítica sobre o filme será escrita e publicada assim que possível aqui no Cenas de Cinema.

O texto a seguir se refere à primeira versão, exibida no Festival Internacional de Cinema de Brasília em 2008.

Logo de cara fiquei meio preocupada com a duração do filme. Para ser o segundo longa de alguém, ter 154 minutos* era, no mínimo, algo bem arriscado.

O filme conta a história de um funcionário público perdido em um universo paralelo, cheio de pessoas e passagens estranhas. É uma mistura do País das Maravilhas de Lewis Carroll, a teoria Matrix dos irmãos Wachowski e a idéia original de Carlo Lorenzini, criador do tão conhecido boneco de madeira que queria ser gente.

Apesar do bom argumento e de tomadas bem interessantes, o fime não rende tudo que é esperado e, até por causa da longa duração, mais cansa do que agrada ao espectador.

Um dos maiores problemas é a atuação do elenco, que não consegue se adaptar bem à mistura de línguas do roteiro, todo escrito em inglês, francês e português. O caso é mais grave quando quem está em cena é Rafael Farias que aceitou o papel na última hora, pois o ator escolhido desistiu do projeto. Porém, é injusto não destacar as atuações de Hugo Rodas, Thaís Strieder e Bruno Resende, todos muito bem.

A edição também é problemática e deixa sobrar na versão final cenas desnecessárias ou longas demais, complicando o entendimento do filme e perdendo o ritmo várias vezes.

Muito poderia melhorar se estes dois pontos recebessem uma maior atenção, com a definição de uma linha de interpretação, uma preparação mais rigorosa dos atores e menos apego na edição.

Entre as coisas boas estão também a trilha sonora, os nomes escondidos nos nomes, as locações escolhidas e a direção de arte.

Por ser um segundo trabalho, o longa é uma nova experiência, uma busca por definição de estilo e mais um passo no amadurecimento do diretor. Os próximos filmes podem e devem ser melhores, pois boas idéias ele tem.

Um Grande Momento

A família margarina, mas a cena se alonga demais.

* A duração do filme estava errada no material disponibilizado pela produção do FIC Brasília. Ao invés de 154 minutos, o filme tem 124, como muito bem ressaltado pelo diretor Thiago Moysés.

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.

Um Comentário

  1. Olá sou RUBENS ROCHA o CRIADOR DAS TRILHAS SONORAS do filme, fico muito feliz pelos elogios da trilha sonora, pois que eu mesmo queria que estivessem melhores…Mas o importante é que tudo deu certo…Só fiquei um pouco triste por não ter visto meu nome nos créditos no youtube…só vi efeitos sonoros…que aparecem tanto quanto! Abraços!!!

  2. Bom, esta versão do filme não existe mais e gostaria que assistisse a nova no cinema para rever a crítica – que anda positiva

    um abraço

  3. Oi – sou o diretor do filme, hehehe

    Bom o filme vai ter uma nova versão radicalmente diferente, menor, com os mesmos planos, mas colocados em outra ordem, novas informações e cenas, mas com grande parte do tempo morto e planos gratuitos cortados. A principal diferença é que o foco do filme vai ser bem definido, diferente, vai ser realçado detalhes que ficaram soltos na versão anterior e soava como erros ou incômodos. O filme será praticamente outro – dividido em 7 segmentos – será a versão final que vai sair oficialmente nos cinemas e depois em DVD. Aguardem e espero que apreciem.
    Agradeço as críticas e funciono bem com elas e o próximo filme tem preparador de elenco e um trabalho dedicado para que saia perfeito, além de atores previamente selecionados e já experientes.
    Acredito que a nova montagem, que já tem roteiro definido vai ser um melhor filme e melhor cotado. abraços

  4. Cecília,
    Gostei muito da sua crítica,principalmente, por ser uma crítica de carater construtivo. Considero pertinente a citação dos pontos problemáticos. Sabemos que existe e outras pessoas também comentaram com ele, por exemplo, sobre a necessidade de uma direção de elenco. Por fazer parte do filme sou uma pessoa suspeita. Gosto muito do Thiago Moisés, acredito no seu potencial, seu talento e seu trabalho. E por isso sempre que me convidar estarei disposta a participar de seus trabalhos. Concordo que por ser um segundo longa é mais um passo para o amadurecimento do diretor, e ainda terá muitos outros pela frente. As críticas, quando construtivas, são sempre bem vindas à todo artista que deseja se aprimorar. Acredito no Thiago, também acredito no potencial do cinema nacional e nessa nova geração, brasiliense inclusive. Mas principalmente boto fé nas pessoas que assim como ele como diretor, você como crítica e tantos outros que conhecemos e sabemos existir nos diversos pontos da cadeia cultural, que tem a iniciativa de “fazer”, a coragem de ousar e acreditar. Principalmente a persistencia de fazer com todas as dificuldades. E fazendo, refletido sobre o que se fez é que se aprende, desenvolve estilo e se conquista espaço. Fico lisongeada, feliz que tenha gostado do meu trabalho. Suas críticas, por favor, serão sempre bem vindas. Principalmente por que percebi definitivamente que ainda quero trabalhar muito.

  5. Oie!!!

    Dani – Pois é! Mas o positivo é que ele já fez tudo que queria e os próximos filmes serão melhores.

    Wallace – Realmente, o maior problema é a interpretação, mas a idéia é muito interessante!

    Ibertson – Pois é! Quem disse que brasileiro não faz ficção científica? Com a chegada do cinema digital, vamos ter filmes tupiniquins de todos os gêneros.

    Kau – É um começo. Como você bem sabe, os primeiros filmes são sempre complicados, principalmente se você mora em um país que não nenhum suporte para o cineasta.

    Beijocas a todos

  6. Nossa, sério que é uma ficção científica nacional?????? Juro que fiquei apavorado, hahahahaha.

    Bjos!

  7. Ficção científica brasileira?
    Deve ser interessante.
    E parece que o melhor filme da mostra Brasília foi o Feliz Natal mesmo, não?
    Beijo!

  8. Que bizarro, não tinha ouvido falar desse filme ainda … vi o trailer que vc postou aqui e parece bem estranho mesmo o filme, e com umas interpretações meio canhestras … mas, bem, estou falando isso me baseando no trailer, né ?

  9. Concordo com você quando disse que o filme tem uma boa trilha sonora e VENEREI a atuação de Hugo Rodas e Thaís Strieder, que perto dos outros se demonstraram ótimos atores. Mas agora vou te falar o porque de eu não ter gostado do filme e de quando olhava para o lado via mais da metade das pessoas conversando ou fazendo negativamente com a cabeça. Não é que a idéia do filme tenha sido ruim, nem as escolhas de assuntos, mas um filme deve ser feito com UMA idéia e UM assunto principal. Sinceramente, tive a impressão de que o diretor ficou fascinado com o poder que tinha ao dirigir um filme e se perdeu em um mundo de fantasias, onde ele falou de tudo aquilo que sempre sonhou em falar quando era pequeno e fez todos os efeitos que queria fazer em um filme, pois viu Pinocchio, Psicose, Jogos Mortais, entre outros. E quem me dera se ele tivesse apenas se perdido na escolha de um tema e da idéia principal, mas não, ele se perdeu no tempo, o que deixou o filme extremamente cansativo, como já falado…

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