Crítica | FestivalMostra SP

Ryuzo e Seus Sete Capangas

(Ryûzô to 7 nin no kobun tachi, JPN, 2015)

Comédia
Direção: Takeshi Kitano
Elenco: Tatsuya Fuji, Masaomi Kondô, Ben Hiura, Akira Nakao, Ken Yoshizawa, Tôru Shinagawa, Kôjun Itô, Takeshi Kitano, Masaomi Kondô, Akira Onodera, Atomu Shimojô, Ken Yasuda
Roteiro: Takeshi Kitano
Duração: 125 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

Takeshi Kitano (Glória ao Cineasta!) é o tipo de diretor que sempre faz o cinema pensando no próprio cinema. Em sua última trilogia, iniciada com os dois Outrage: Beyond e finalizada agora com Ryuzo e Seus Sete Capangas, o diretor japonês volta à Yakuza enquanto organização real e, principalmente, enquanto alvo principal de um tipo de cinema.

Se nos primeiros filmes ele se volta para a ação excessiva neste tipo de filme, neste último fala da decadência do estilo pela passagem do tempo. O tom utilizado é o do humor escrachado, com direito a piadas espichadas e repetidas – e de certo modo bobas – para contar a história de Ryuzo, um membro aposentado da máfia que vive uma vida sem graça na casa do filho careta, relembrando os “dias de glória”.

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Depois de cruzar o caminho de uma nova organização criminosa, mais moderna e não muito diferente da Yakuza dos outros tempos, e de um pedido da polícia, Ruyzo resolve juntar os seus velhos companheiros de ação, todos idosos e aposentados, para resolver o problema.

Só o fato de unir na tela uma gangue de idosos ex-mafiosos, cada um com sua especialidade, que quer voltar à ativa e demarcar novamente seu território, já vale a ida ao cinema.

Além do riso, o filme toca em pontos interessantes como a terceira idade e a falta de espaço e perspectiva no mundo atual, e na substituição de antigos problemas por novos tão nocivos quanto, mesmo que não se dedique a nenhum deles o tanto que poderia.

Kitano, que também faz o papel do detetive de polícia que vai procurar os antigos membros da Yakuza, opta mesmo pelo humor, criando situações incríveis com aquele grupo de idosos que insiste em se comportar como meninos de pouca idade.

Ligações com os elementos da máfia muito divulgados pelo cinema, como as tatuagens, mostradas sempre com orgulho pelo chefe da “família”, mas causadoras de vergonha no filho; os dedos faltantes, responsáveis por confusões durante o filme, e a hierarquia, aqui definida em um restaurante de jeito muito divertido, sobram na tela. Além de outras referências, como a do próprio número que define o grupo, já conhecido de outro grande clássico do cinema japonês.

Para complementar a graça, há alguns rostos conhecidos na tela. Ryuzo é vivido por Tatsuya Fuji, o protagonista de O Império dos Sentidos. Seus companheiros são Masaomi Kondô (Os Últimos Samurais), Ben Hiura (A Balada de Narayama), Akira Nakao (Yakuza – A Arte da Extorsão), Ken Yoshizawa (Policial Violento), Tôru Shinagawa (Água Negra), Akira Onodera (Gamera) e Kôjun Itô (O Sol).

Para os que gostam do diretor, é um programa obrigatório, mesmo que não seja um filme tão redondinho quanto outros dele Sem falar que é um daqueles programas divertidos e que fazem toda a diferença em mostras de cinema, onde muito do que se vê é pesado e sério demais.

Um Grande Momento:
O ataque ao escritório de Nishi.

Ryuzo-e-seus-sete-capangas_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=zp2QeLGqtWs[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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