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Ponte dos Espiões

(Bridges of Spies, EUA, 2015)
Nota  
  • Gênero: Suspense
  • Direção: Steven Spielberg
  • Roteiro: Matt Charman, Ethan Coen, Joel Coen
  • Elenco: Mark Rylance, Tom Hanks, Alan Alda, Amy Ryan, Austin Stowell, Michael Gaston, Dakin Matthews, Stephen Kunken, Scott Shepherd, Sebastian Koch
  • Duração: 142 minutos

Dessa vez Steven Spielberg (Lincoln) volta aos anos de Guerra Fria, quando americanos e soviéticos buscavam aprimorar seu poderio bélico – incluindo armas atômicas – e travavam uma disputa que colocava em risco todo o planeta. Entre avanços e fracassos estavam os espiões, de ambos os lados. Ponte dos Espiões trata de um evento real, onde James B. Donovan, um advogado de seguros americano, precisa negociar a troca de um espião condenado soviético por um americano.

Conhecendo Spielberg já sabemos de todos os maneirismos e a apelação sentimental que virão pela frente. Eles estão todos lá, mas, como sempre, é um filme que vale a pena ser visto. As sequências iniciais são incríveis. Homenageando o cinema do passado, conhecemos Rudolf Abel, o espião soviético. Na tela, ele, um espelho e o quadro que está pintando. Um telefone toca, nada de palavras.

A falta de diálogos permanece durante quase toda a sequência seguinte, uma perseguição a pé dentro do metrô de Nova York. Os sons da cena, são os sons da multidão que corre para chegar ao trabalho ou pegar o próximo trem. A encenação e o jogo de câmera são simplesmente espetaculares.

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E assim, o diretor americano fisga o seu público. A vontade de ver o que acontecerá com aquele personagem enigmático, de poucas palavras e poucas expressões já está constituída e acompanha o espectador até o desfecho de Ponte dos Espiões.

O roteiro, assinado pelos irmãos Coen (Bravura Indômita) em parceria com Mark Charman (Suite Française) é muito bem desenvolvido, assim como a montagem de Michael Kahn (A Lista de Schindler). Diferente do esperado, o destaque não é para o piloto americano capturado na União Soviética, vivido por Austin Stowell (Whiplash: Em Busca da Perfeição), mas para o espião russo, vivido por Mark Rylance (Anônimo), em atuação inspiradíssima, e, claro, seu advogado e protagonista do filme James B. Donovan, em atuação regular de Tom Hanks (Tão Forte, Tão Perto).

Bem amarrado, com atuações interessantes e tecnicamente impecável – com desenho de produção de Adam Stockhausen (O Grande Hotel Budapeste), direção de fotografia de Janusz Kaminski (O Resgate do Soldado Ryan) e trilha sonora de Thomas Newman (007 – Operação Skyfall) – as mais de duas horas de filme não são sentidas.

A coisa só se complica no final, onde Spielberg não consegue nunca deixar barato. Prolongado além do que precisava, Ponte dos Espiões é ufanista e pesa no melodrama. Nada que já não vimos em todos os outros filmes do diretor.

Mas, relevando mais esse deslize (sempre relevamos mesmo), Ponte dos Espiões merece ser visto.

Um Grande Momento:
A perseguição no metrô

Oscar-logo2Oscar 2016
Melhor Ator Coadjuvante (Mark Rylance)

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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