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Órfãos do Eldorado

(Órfãos do Eldorado, BRA, 2015)

Drama
Direção: Guilherme Coelho
Elenco: Daniel de Oliveira, Dira Paes, Mariana Rios, Adriano Barroso, Henrique da Paz, Paulo Fonseca, Arthur Codeceira
Roteiro: Milton Hatoum (romance), Guilherme Coelho
Duração: 96 min.
Nota: 5 ★★★★★☆☆☆☆☆

Livremente adaptado do romance homônimo de Milton Hatoum, Órfãos do Eldorado tem uma premissa interessante: o retorno de um homem à sua história, o reviver de medos, rejeições e escolhas que o afastaram de sua origem. Para recuperar o que perdeu ele terá que começar de novo, desfazendo-se de tudo que tem, inclusive das lembranças.

Este homem é Arminto, vivido por Daniel de Oliveira (Sangue Azul), em atuação convincente. O personagem até consegue despertar alguma empatia e, consequentemente, o interesse do público. Mas nada que sobreviva muito tempo às muitas idas e vindas do diretor.

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O tom de urgência domina o filme, mesmo que conte uma história que não exija tanto atropelo e rapidez. Muito do que se vê se perde pelo caminho e, essa gradual perda de continuidade narrativa, faz com que o interesse pelo público seja comprometido.

A opção do diretor, Guilherme Coelho (Pqd), em sua estreia nas ficções, é pela pressa. Ela está nos embates entre Armindo e seu amor de infância, Florita, vivida competentemente por Dira Paes (À Beira do Caminho); nas cenas de sexo, mais frenéticas; nos encontros com a mulher de seus sonhos; nas reuniões sobre a empresa, e até no reencontro com seu pai, peça-chave para a trama. Poderia ter dado certo, mas não acontece muito bem.

O ritmo frenético, porém, chega de maneira completamente avessa. Os poucos 96 minutos demoram a passar. São muitos recomeços, narrações entrecortadas e opções de cenas que mais cansam do que acrescentam. Além de muitas repetições, tanto de quadros que estamos cansados de ver, principalmente em filmes da região amazônica, como de passagens dentro da própria história contada.

Há também um apego cansativo por opções de imagem que já não surpreendem, mas que poderiam não atrapalhar se utilizados com parcimônia. Tantos cortes rápidos, desfoques e contraluzes cansam bastante com o passar do tempo.

Mesmo que tente contar uma boa história, os acertos de Órfãos do Eldorado ficam mesmo por conta do elenco, capitaneado pela dupla Daniel e Dira. Além de funcionar bem como um casal, ambos têm seus momentos durante o longa-metragem.

Um Grande Momento:
Mariana Rios soltando a voz.

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[18ª Mostra de Tiradentes]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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