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O Último Exorcismo – Parte 2

(The Last Exorcism Part II, EUA, 2012)

Terror
Direção: Ed Gass-Donnelly
Elenco: Ashley Bell, Julia Garner, Spencer Treat Clark, David Jensen, Tarra Riggs, Louis Herthum, Muse Watson, Erica Michelle, Sharice A. Williams, Boyana Balta, Joe Chrest
Roteiro: Damien Chazelle, Ed Gass-Donnelly
Duração: 88 min.
Nota: 2 ★★☆☆☆☆☆☆☆☆

Em 2010 chegava aos cinemas O Último Exorcismo, um filme que se aproveitava de uma temática tradicional de terror, mas com um toque que poderia torná-lo mais interessante: era contado sob a perspectiva de um pastor evangélico frustrado que resolveu participar de um documentário para expor a fraude dos exorcismos naquele que seria o seu último trabalho.

O que seria interessante e diferente vai bem até certo ponto. O que começa diferente, com uma boa dose de mede, vai se perdendo e frustra com um desfecho bobo e pouco inovador. Uma experiência a ser esquecida se não fosse a ideia de uma continuação para a história.

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Abandonando a técnica de found footage, Ed Gass-Donnelly, diretor dos completamente diferentes This Beautiful City e Small Town Murder Songs, resolve dar um novo prosseguimento à história escrita por Huck Botko e Andrew Gurland e dirigida por Daniel Stamm três anos atrás.

Optando por relembrar o que o filme anterior tinha de melhor, uma montagem com flashs rápidos dos eventos passados ambienta o espectador que talvez não se lembre muito bem do que vira antes. O resgate daquele medo é eficiente, mas é na primeira cena que o diretor demonstra sua capacidade de construir o terror. E ele se sai bem. Pelo menos nessa parte.

Nesta segunda parte da história, Nell reaparece e consegue abrigo em uma casa para moças em Nova Orleans. Tentando reconstruir sua vida, ela começa a trabalhar, se interessa e reaprende a viver em sociedade, deixando o medo de um retorno do demônio Abalam em segundo plano. Mas a calmaria dura pouco e ela começa a ser atormentada por seu passado.

Sustos bobos não são suficientes para amenizar o ritmo lento e desinteressante da primeira parte do filme. Diferente da preparação para o caos que filmes do gênero costumam fazer, em O Último Exorcismo – Parte 2 a construção de personagens e o desenrolar de situações só vai deixando tudo muito previsível e até cansativo. Não faltam antecipações de maniqueísmos e de situações que funcionariam bem se não fossem previsíveis.

Opções estéticas também fazem pouco sentido e tentam se justificar com aquela batida aura de produção independente. Mas o que vemos na tela não é nenhuma inovação ou tentativa de superar uma limitação técnica, é só mal feito mesmo. E isso em quase todas as externas do filme. Como se o ambiente descontrolasse seu conteúdo.

Para não dizer que tudo está fora do lugar, há no roteiro um jogo interessante com a questão da sanidade mental da protagonista, o que é bem aproveitado pela jovem atriz Ashley Bell, mas não vai muito longe. É no mesmo roteiro que está aquele personagem que chega do nada para explicar tudo o que está acontecendo e determinar uma solução para todo o problema, sem falar na péssima explicação para a insistência do demônio com a jovem Nell.

Seguindo a mesma trilha de seu antecessor, o filme começa bem e termina muito mal. Mas com uma diferença significativa: se no primeiro a coisa caminhava de maneira interessante até o desfecho fraco, aqui não há nada, ou quase nada, entre as duas extremidades. Uma boa maneira de se aproveitar de uma bilheteria para tentar ganhar dinheiro.

Depois de tudo, fica a primeira cena, o retorno de Nell, tão interessante, que só ela dá vontade de ver Gass-Donnelly com um material mais aproveitável na mão. Quem sabe um dia.

Um Grande Momento:
A sequência inicial.

O-Ultimo-Exorcismo-2_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=N4t2Xmc01BY[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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