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O Nascimento de uma Nação

(The Birth of a Nation, EUA, 2016)
Drama
Direção: Nate Parker
Elenco: Nate Parker, Armie Hammer, Penelope Ann Miller, Jackie Earle Haley, Mark Boone Junior, Colman Domingo, Aunjanue Ellis, Dwight Henry, Aja Naomi King, Esther Scott, Roger Guenveur Smith, Gabrielle Union
Roteiro: Nate Parker, Jean McGianni Celestin
Duração: 120 min.
Nota: 4 ★★★★☆☆☆☆☆☆

Quando O Nascimento de uma Nação estreou em Sundance, Hollywood estava no meio da crise “Oscar tão branco?” da premiação de 2016. Com todos os indicados nas categorias de atuação brancos, questionava-se a representatividade nas produções e premiações.

O longa-metragem de Nate Parker, dirigido, produzido, roteirizado e protagonizado por ele, tem o mesmo nome de um dos filmes mais racistas de todos os tempos, o conhecido clássico de D. W. Griffith, e conta a história real de Nat Turner, escravo que liderou a maior rebelião negra dos Estados Unidos contra a sociedade branca escravocrata.

O Nascimento de uma Nação segue o padrão de cinema clássico, dos enquadramentos à montagem, e, mais do que contar uma história, tem como objetivo emocionar o espectador. Para isso, exagera em elementos fáceis no roteiro, metáforas visuais e uma trilha sonora quase sufocante.

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A abordagem, que costuma funcionar para atender seu intento, esvazia uma passagem da história dos Estados Unidos que poucos conhecem hoje em dia, e que, em si, traz muito da questão do racismo estupidamente presente até hoje no país. E mais, faz com que um filme completamente legítimo em sua representação perca, de certo modo, a identificação que o tornaria único.

Muito pela exaltação religiosa, de uma religião imposta pelo opressor, diga-se, mas que foi adotada pelo personagem principal e também pelo diretor Parker. Ainda se tenta, de maneira fácil e atrapalhada, justificar o estopim da rebelião com a violência sofrida cotidianamente, mas o que sobressai é o transcendente.

Trilhando um caminho artificial e muito voltado para o clássico gosto da Academia, O Nascimento de uma Nação poderia ter alcançado um outro patamar se tivesse sido menos megalomaníaco e metafórico.

Grande vencedor do Festival de Sundance, o filme foi a aquisição mais cara de toda a história do festival. A estratégia da Fox era investir pesado para o Oscar 2017, mas o passado de Nate Parker, envolvido, juntamente com o corroteirista do filme Jean McGianni Celestin, em um estupro seguido de suicídio, afastou as possibilidades.

Um Grande Momento:
O casamento de Hark e Esther.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
1 Comentário
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Marcio Melo
Marcio Melo
01/11/2016 08:03

Viuge, esse filme vinha sendo tão badalado.

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