Crítica | Streaming e VoD

O Franco Atirador

(The Deer Hunter, GBR/EUA, 1978)

Drama
Direção: Michael Cimino
Elenco: Robert De Niro, John Cazale, John Savage, Christopher Walken, Meryl Streep, George Dzundza, Chuck Aspegren, Rutanya Alda, Amy Wright
Roteiro: Michael Cimino, Deric Washburn, Louis Garfinkle, Quinn K. Redeker
Duração: 182 min.
Nota: 9 ★★★★★★★★★☆

Uma das coisas maravilhosas de estar em São Paulo é poder aproveitar todas as atividades culturais que a cidade nos oferece. Semana passada o CineSesc, um dos melhores cinemas da capital paulista, trouxe uma retrospectiva do diretor americano Michael Cimino. A minha escolha foi pelo longa-metragem O Franco Atirador, estrelado por Robert De Niro (Touro Indomável), Christopher Walken (A Hora da Zona Morta) e John Savage (Operação Vingança).

O filme, assistido ainda na adolescência, tinha ficado na minha memória pela qualidade demonstrada e também pela angústia que causou, mas depois de tantos títulos assistidos, merecia uma revisão.

Apoie o Cenas

O longa conta a história de três amigos prestes a partir para a guerra do Vietnã. Moradores de uma pequena cidade, os três e mais um grupo de amigos fazem tudo juntos: trabalham, bebem, caçam e se divertem. É nos detalhes do cotidiano destas pessoas que Cimino define a personalidade de cada um deles.

Com mais de três horas de duração, o filme é dividido igualmente em três partes: a vida na cidade de colonização russa antes da partida; a guerra e o retorno à antiga vida. Momentos de reflexão interagem com momentos de inquietação e angústia, em cenas que ficam marcadas na memória por toda vida.

As atuações também chamam a atenção, principalmente pela plausibilidade que os atores transmitem ao passar da alegria extrema à depressão profunda. Christopher Walken está sublime como Nick, aquele que foi o mais afetado pela guerra e não conseguiu voltar.

Uma certa melancolia domina o filme e pode ser percebida principalmente em John Cazale (Um Dia de Cão), o sem-noção Stan. A história que envolve a participação do ator no longa-metragem é tocante e, sem dúvida, interfere na interpretação e no clima do set de filmagem. O ator havia sido recentemente diagnosticado com câncer e morreu antes do lançamento do filme. Para sua participação ser completa, o diretor antecipou a filmagem de todas as cenas com ele. A manutenção chegou a ser questionada pelos produtores e a atuação só aconteceu porque Meryl Streep (Kramer vs. Kramer), sua noiva à época, condicionou sua permanência à dele.

Além da história contada e de atuações inspiradas, a montagem precisa e acertada de Peter Zinner (O Poderoso Chefão), música de Stanley Myers (Prick Up Your Ears) e fotografia de Vilmos Zsigmond (Contatos Imediatos de Terceiro Grau) capturam o espectador e fazem com que o tempo não pareça existir.

O Franco Atirador é um filme envolvente, tocante e traz uma contundente crítica aos Estados Unidos e ao belicismo e xenofobia que ali existem. Daqueles que precisa ser conhecido por todos.

Um Grande Momento:
Prisioneiros de guerra.

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=PgRUgWubgzw[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
2 Comentários
Inline Feedbacks
Ver comentário
Judas Hiena
Judas Hiena
30/08/2018 15:28

Dupla aí debaixo polarizou e não entenderam o filme.

Paulo Guarnieri
Paulo Guarnieri
06/05/2017 01:52

Como assim critica aos EUA? Esse filme pinta os norte-americanos como bonzinhos e os vietnamitas malvados, que explodem criancinhas.

Botão Voltar ao topo