Crítica | Streaming e VoD

Um Match Surpresa

Rabanada requentada

(Love Hard, EUA, 2021)
Nota  
  • Gênero: Comédia, Romance
  • Direção: Hernan Jimenez
  • Roteiro: Daniel Mackey, Rebecca Ewing
  • Elenco: Nina Dobrev, Jimmy O. Yang, Darren Barnet, James Saito, Rebecca Staab, Harry Shum Jr., Althea Kaye, Mikaela Hoover, Matty Finochio, Heather McMahan, Donovan
  • Duração: 104 minutos

Chegou novembro. E com ele vem aquele tradicional monte de filmes de natal. Filão garantido, são muitas coisas produzidas anualmente pelo Hallmark Channel, outras tantas pelo Lifetime e há também um investimento das novas plataformas. Se algumas já estão ali confortáveis com as mesmas tramas padrão há anos, repetindo os mesmos plots, inclusive com os mesmo atores, outras vão buscar outros caminhos. É assim com Um Match Surpresa, porém, se um pouco distante das pasteurizadas historinhas natalinas, o longa não tem nada de diferente de muitos outros que já vimos por aí, e segue uma outra fórmula que tem seu público e sucesso garantidos: a da comédia romântica.

O título curiosamente faz parte da cartela dos filmes românticos e família que McG — diretor incensado pelos fãs do cinema vulgar por títulos como As Panteras e A Babá — têm produzido para a gigante de streaming Netflix, assim como Quando Nos Conhecemos, Crush à Altura e o mais recente Amor Com Data Marcada. Todos são passageiros e despretensiosos, e até podemos dizer que fraquinhos mesmo, mas leves e divertidos. Esse filme mais recente chega a ser quase sem-vergonha por pegar tanta coisa emprestada de outras comédias românticas mais conhecidas, mas não deixa de cumprir o seu papel e até ter um charme especial pelo toque cinéfilo especial.

Um Match Surpresa
Bettina Strauss/Netflix © 2021

Além de uma citação constante à melhor das comédias românticas sobre o Natal, Um Match Surpresa ainda vai visitar filmes como Como Perder um Homem em 10 Dias, Sintonia de Amor e outras tantas que se confundem pelos temas e estrutura para lá de conhecida. Tem lá seus detalhes e contextualizações, coisa que acaba fazendo a diferença no universo do subgênero. Aqui, por exemplo, a dinâmica se dá por aplicativos de encontro, e a relação com o mundo, principalmente no que diz respeito ao gênero, tem intervenções interessantes. De resto, tudo segue o caminho absolutamente clichê do gênero. 

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Rebecca Ewing e Danny Mackey, os roteiristas, devem ter visto muitas comédias românticas nessa vida, porque deram check em todos os itens da lista. No núcleo A temos a melhor amiga resolvida que incentiva e o chefe afetado; no núcleo B, a família, com direito a avó fofíssima, lógico, e irmão favorito do pai. Tem também o núcleo C, com o cara que seria O Cara. Personagens dados, os elementos nada têm de surpreendentes: encontros fracassados, fingir ser outra pessoa, inventar uma história, relacionamento de mentirinha, o desejo de não trabalhar com o pai, ou seja, nada que a gente já não tenha visto várias vezes. E o mesmo se dá com o andamento da trama, batidíssimo em motivações e reviravoltas. 

Um Match Surpresa
Bettina Strauss/Netflix © 2021

Porém, tudo funciona. Mesmo telegrafando cada um dos próximos passos e sabendo exatamente onde aquilo vai dar, Nina Dobrev (de The Vampire Diaries) e Jimmy O. Yang (de Space Force) funcionam bem em cena e criam um vínculo com o público. O filme tem ainda momentos elaborados tecnicamente — aquela festa de noivado — e muito divertidos, como a sedução no karaokê, o coral natalino e a missão no sábado de manhã, e outros interessantes, como quando levanta a questão sobre a música “Baby, It’s Cold Outside”,  que, como tantas, se canta sem prestar atenção na letra. Além disso, vem com esse gostinho de Natal, com todas as suas músicas, luzes, cores e suéteres horrorosos que agradam tanta gente.

Em tempos tão duros, filmes de Natal funcionam como um escape desta realidade, e é muito bom quando encontramos alguma coisa acima da média. Um Match Surpresa é, mas serve exatamente para a mesma coisa, sem nenhuma pretensão de ser algo mais. Leve e divertido, vai fazer passar o tempo e pode até dar uma molhadinha no olho com a última cena fofa, que coroa um vínculo cinéfilo que incentivou desde o começo do longa (para a tranquilidade de todos com o filme dele). Como eu digo, Um Match Surpresa, não fica, mas passa bem. 

Um grande momento
Jornais de sábado

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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