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Moonrise Kingdom

(Moonrise Kingdom, EUA, 2012)

Comédia
Direção: Wes Anderson
Elenco: Bruce Willis, Edward Norton, Kara Hayward, Bill Murray, Tilda Swinton, Jared Gilman, Frances McDormand, Jason Schwartzman, Harvey Keitel, Bob Balaban
Roteiro: Wes Anderson, Roman Coppola
Duração: 94 min.
Nota: 8 ★★★★★★★★☆☆

Há imagens que atraem nossa atenção e fazem a imaginação dar o ar da graça. Criar histórias sobre pessoas e cenários é até natural e comum, mas Wes Anderson tem uma mente privilegiada para isso. Imagens que provocariam histórias na cabeça de qualquer um, na dele vão além e parecem ser base para construções complexas de eventos e personagens. Tudo tão concatenado e bem colocado que fica impossível distinguir o que é inspirado e o que é inspiração.

Cheias de significado, as coloridas e ainda assim depressivas criações de Anderson têm o seu universo particular e, ao abordar temas simples e conhecidos de uma maneira tão particular, mais do que cativam o espectador, quase o capturam. E raramente essa entrega não vale a pena.

Seu último filme, escolhido para a abertura da 65ª edição do Festival de Cannes, é uma deliciosa metáfora àquele momento da vida em que não se é mais criança, mas ainda não se chegou nem perto de ser adulto. Como qualquer fase de transição, terrível e cheia de descobertas.

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Moonrise Kingdom conta a história de dois pré-adolescentes que se conhecem por acaso no camarim de uma peça de igreja e, depois de uma longa amizade por correspondência que vira uma paixão, combinam uma fuga no próximo verão. Sam (Jared Gilme) é órfão e passa os seus verões em um acampamento para escoteiros e Suzy (Kara Hayward), uma menina irritada que não consegue encontrar seu lugar na família.

O roteiro, assinado pelo próprio Anderson e por Roman Coppola, é enxuto e bem acabado. Ele vai e volta no tempo para compor a sua história e traz o universo infantil para seus espectadores, tornando noções como a da enormidade de coisas não realmente tão grandes, a ausência do medo pela ilusória sensação de superioridade ou a não-previsão de consequências para os atos em algo completamente palatável e de fácil acompanhamento, independente da idade do público.

O elenco adulto encarrega-se do lado chato da vida “pós-inundação”, aquela parte que as crianças não sabem ou precisam saber que existe. A ordem e o controle estão bem ilustrados pelos pais de Suzy (Frances McDormand e Bill Murry) e o escoteiro chefe do acampamento (Edward Norton); a frustração, pelo policial local (Bruce Willis) e a burocracia, pela agente do serviço social (Tilda Switon). Nesse mundo falta comunicação e sobra a sensação de que a vida poderia ser muito diferente se a chegada da idade não tivesse trazido com ela tanta falta de ousadia e insegurança.

Como sempre Anderson deixa suas marcas registradas em todo lugar. Estão aqui o seu apanhado de personagens depressivos; a família excêntrica; um guia para todo o universo criado; atuações precisas; cores, muitas cores, sempre muito empregadas e Bill Murray.

A deliciosa jornada faz com que o público envolva-se com tudo o que está sendo visto e viaje além do universo minuciosamente criado. Uma experiência para ser aproveitada completamente, em seus mínimos detalhes e que vai deixar sua marca.

Um Grande Momento

Descobrindo Moonrise Kingdom

Links

IMDb Site Oficial [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=7N8wkVA4_8s[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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