Crítica | FestivalFestival do Rio

Montanha da Liberdade

(Ja-yu-eui eon-deok, KOR, 2018)
Nota  
  • Gênero: Comédia
  • Direção: Hong Sang-soo
  • Roteiro: Hong Sang-soo
  • Elenco: Ryô Kase, Moon So-ri, Seo Young-hwa, Kim Eui-sung, Yoon Yeo-jeong
  • Duração: 66 minutos

Uma mulher fica sabendo por meio de cartas que um antigo amigo passou um tempo em sua cidade procurando por ela. Após ler a primeira carta de muitas sem data, ela deixa que todas caiam na escada e fica sem saber a ordem cronológica dos eventos.

Divertido e bastante apegado às palavras, como sempre, Hong Sang-soo (Filha de Ninguém) vai contando sua história de maneira não linear, da mesma forma que a personagem Know vai sabendo dos acontecimentos durante a visita de seu amigo Mori entre as cartas fora de ordem.

Seja na pousada onde está hospedado; no café Montanha da Liberdade, que dá nome ao filme, ou no restaurante do amigo de um conhecido, é curioso contrastar o contido japonês Mori com todas as pessoas com quem ele interage ao chegar na Coreia do Norte. Em pequenos trejeitos, Ryô Kase (Cartas para Iwo Jima) expõe sua não familiaridade com o local, costumes e a frustração pela ausência da pessoa amada, sempre presente no olhar triste do ator japonês.

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Mais do que a atuação do protagonista, os diálogos de Sang-soo, mantendo a tradição, são uma atração a parte. Além de ser um dos melhores na criação de momentos de bebedeira, o diretor coreano sabe como usar as palavras.

São essas palavras que engrandecem a interação entre os personagens, todos vividos com muita competência pelo elenco. Diferenças culturais, codependência, preconceitos e limites são discutidos. As conversas entre Mori e Juok, a dona da pousada onde ele se hospeda vivida por Yoon Yeo-jeong (Hanyo), por exemplo, são excelentes. Assim como toda a distribuição de eventos.

Como no resto de A Montanha da Liberdade, a descoberta dos personagens vai acontecendo aleatoriamente, sem seguir o padrão a que estamos acostumados. O que torna o filme curioso e gostoso de ser assistido. A sensação, acompanhada de momentos divertidos, provocam no público boas risadas e aquele desejo de que os pouco mais de 60 minutos durassem mais.

Simples, mas deliciosamente imperdível.

Um Grande Momento:
A menina chorando

[Festival do Rio 2015]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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