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Magal e os Formigas

(Magal e os Formigas, BRA, 2016)
Comédia
Direção: Newton Cannito, Michael Ruman
Elenco: Sidney Magal, Norival Rizzo, Zécarlos Machado, Mel Lisboa, Gil Jung, Nicolas Trevijano, Imara Reis
Roteiro: Newton Cannito, Ricardo Grynszpan, Marcos Takeda
Duração: 110 min.
Nota: 5 ★★★★★☆☆☆☆☆

O roteirista Newton Cannito (Bróder) faz sua estréia na direção com a comédia Magal e os Formigas, baseada na fábula da cigarra e da formiga e também em suas próprias experiências de vida. É uma comédia leve e com uma mensagem positiva que entre momentos engraçados e outros bastante fracos, e se mostra um razoável entretenimento.

A história de Magal e os Formigas acontece em São Paulo e narra a história de João (Norival Rizzo), um aposentado turrão, mal humorado e obcecado por ganhar na loteria. Para isso João passa horas e horas em seu escritório fazendo cálculos e mais cálculos a fim de encontrar a fórmula da aposta certeira que vai lhe dar o tão desejado prêmio.

Mesmo depois de uma carreira cansativa como operário, João insiste e valoriza o trabalho, é, portanto, um formiga. Porém, tudo muda quando João recebe a inusitada visita de Sidney Magal, ou melhor dizendo, uma espécie de fantasma do cantor que vai inspirar João a sair daquela vida triste e sem maiores aspirações.

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Por trás de João está uma família disfuncional, com pessoas isoladas e tristes. Marido, esposa e filhos permanecem cada um em seu canto. Mary (Imara Reis), esposa de João, sofre com a falta de contato com o marido, com quem já não divide o mesmo quarto, e sonha com a reforma da cozinha. Sandra (Mel Lisboa), a filha do casal, voltou a morar com os pais depois de ser abandonada no altar pelo então noivo. Sérgio (Nicolas Trevijano), o outro filho, trabalha com produção de eventos, no entanto, sem qualquer tipo de glamour ou possibilidades reais de realizar algo grandioso. A insistência e uma certa inocência de Sérgio vão transformar a vida de toda a família, tirando cada um de seu isolamento e fazendo com que, todos unidos, acreditem e lutem por um sonho ou objetivo.

Essa é a mensagem de Magal e os Formigas. Como conta em entrevista o diretor e roteirista Newton Cannito, essa história fez parte de sua vida. Durante um trabalho de terapia familiar para melhorar a relação com seu pai, tentando identificar em sua vida o que ela tem de comédia e fábula. “Identifiquei o que me incomodava no meu pai e vi que era o excesso de racionalismo e o pouco espaço para o prazer de viver. Pensei: ele é uma formiga.” conta Newton. No filme essas diferenças estão entre João e Sidney Magal, o formiga de uma lado e a cigarra do outro.

Sidney Magal, interpretando a si mesmo, e Norival Rizzo constroem ótimos momentos. As cenas em que os dois contracenam são as melhores do filme, com bons diálogos, humor leve e familiar, sem ser ingênuo. Com bastante naturalidade, Imara Reis também tem boa atuação e consegue trabalhar a personalidade da esposa de João, uma mulher com sonhos e pensamentos que rodeiam sua aparente submissão.

O mesmo não acontece com outros atores. Mel Lisboa, um dos nomes mais famosos do elenco, não consegue convencer o público do sofrimento e das atitudes de sua personagem. Da mesma forma, Nicolas Trevijano no papel de Sérgio, tem bons momentos, é engraçado, mas não vai além disso. Zécarlos Machado é Norberto, num papel mais cômico, diferente de seus trabalhos no seriado Sessão de Terapia, ou no longa Ação entre Amigos, muito mais densos e tensos. Como se fosse preciso, temos mais uma prova de que se trata de um grande ator.

De forma geral, Magal e os Formigas cumpre com seus objetivos, ainda que com algumas inconstâncias em diálogos e interpretações. A trilha sonora composta basicamente por sucessos do cantor, embala e alegra o longa, que, no fim, é divertido.

Um Grande Momento:
Ensaios para o show.

Links

IMDb
https://www.youtube.com/watch?v=sjSaf17cV50

Ygor Moretti

Ygor Moretti Fioranti, paulista nascido em 1980 e formado em Letras, trabalha como designer gráfico. É poeta esporádico, contista por insistência... Santista, cinéfilo, rato de livrarias, sebos e bancas de jornal. Assisti e lê de tudo, de cinema europeu a Simpsons; de Calvin e Haroldo a Joseph Conrad. Mantém o blog Moviemento e colabora na sessão de cult movies com O Cinemista.
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