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Depois de Horas

(After Hours, EUA, 1985)
Nota  
  • Gênero: Suspense
  • Direção: Martin Scorsese
  • Roteiro: Joseph Minion
  • Elenco: Griffin Dunne, Rosanna Arquette, Verna Bloom, Tommy Chong, Linda Fiorentino, Teri Garr, John Heard, Cheech Marin, Catherine O'Hara, Martin Scorsese
  • Duração: 97 minutos

Mais uma vez estamos perdidos na noite guiados por Martin Scorsese (Táxi Driver). Em Depois de Horas acompanhamos as desventuras de um yuppie que está trancado numa jornada sem fim e sem muita explicação para voltar para casa.

Em uma comédia suis generis que flerta com a misoginia, rindo dela, Paul Hackett tenta concretizar o encontro com a estranha Marcy após conhecê-la por acaso em uma cafeteria. A sequência de seus atos faz com que ele se perca cada vez mais numa espiral insana e angustiante, como uma Alice que seguiu o coelho errado, bebeu o chá errado, comeu o biscoito errado e continua fazendo todas as piores escolhas em uma jornada similar de autoconhecimento e percepção de mundo e da sociedade.

Depois de Horas brinca com a cidade e aqueles que a habitam, sejam os seres diurnos em seus ternos e gravatas ou a vasta gama de criaturas noturnas que se contrapõem a eles. O filme fala, dessa vez usando o humor ácido, da sensação de isolamento e sufocamento nesse universo, da busca por conexão e, mais, da necessidade de se sentir integrado.

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Scorsese brinca com imagens inesperadas e construções pouco críveis, numa trama que parece nunca ter fim. Desencontros, mal-entendidos e perseguições se sucedem sem fazer muito sentido, construindo uma fábula moderna que, de certo modo, dá o poder às mulheres e achincalha a prepotência e a pseudo-superioridade dos homens, em suas falhas, inseguranças e numa constante busca pela aceitação.

Uma trilha sonora recheada de canções marcantes, que começa com a música clássica e chega até o pop, passando pelo jazz, embala a loucura programada de Depois de Horas e ajuda ainda mais a fazer com que o público fique grudado a cada um dos acontecimentos.

Um grande momento
O dinheiro que voa

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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