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Colegas

(Colegas, BRA, 2012)

Aventura
Direção: Marcelo Galvão
Elenco: Ariel Goldenberg, Rita Pokk, Breno Viola, Lima Duarte, Rui Unas, Deto Montenegro, Leonardo Miggiorin, Marco Luque, Juliana Didone, Christiano Cochrane, Alex Sander, Amélia Bittencourt
Roteiro: Marcelo Galvão, Ricardo Barreto
Duração: 103 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Três jovens portadores de síndrome de Down, inspirados pelo filme favorito de um deles, Thelma & Louise, resolvem fugir do insituto onde moram. Usando o carro do zelador e com os muitos filmes que assistiam enquanto trabalhavam na videolocadora na cabeça, Stallone, Aninha e Márcio partem, sem se preocupar com dinheiro ou roupas, para realizar seus sonhos.

Na Polícia, os responsáveis pelo caso são dois detetives que, por terem errado a mão em alguns casos anteriores, passam uma espécie de férias forçadas no departamento de desaparecidos. A imprensa, embasada em imagens de câmeras de segurança e depoimentos de testemunhas, constrói sua versão própria da história.

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Como se pode perceber pela sinopse, as referências não estão somente nos diálogos e ações. Muito do roteiro, incluindo a estrutura narrativa e seus personagens, pode ser facilmente relacionado a produções que fizeram parte dos títulos obrigatórios de todo cinéfilo sócio de uma videolocadora entre os anos 80 e 90.

Por citar a todo momento o cinema, misturando o mais popular e chiclete a algo mais denso e menos conhecido, o filme consegue se comunicar muito bem com a plateia. Cada referência descoberta funciona como um desafio e, cada vez mais, o público vai aceitando a história contada.

O carisma do trio de atores principais, Ariel Goldenberg, Rita Pokk e Breno Viola, também é fundamental para essa interação. Assim como a escolha de Rui Unas e Deto Montenegro, figura quase sempre presente na filmografia de Marcelo Galvão, para viver a dupla de policiais atrapalhada.

Galvão, que estreou no cinema com o interessante Quarta B, ao sair de dois filmes pesadíssimos, Bellini e o Demônio e Rinha, o Filme, demonstra certa facilidade em alternar entre gêneros completamente diferentes. Quem conhece sua filmografia, não deixa de estranhar a aura indie que, vez por outra, dá as caras e nem a doçura com a qual ele explicita um universo que inexplicavelmente ainda é carregado de preconceitos e falta de atenção.

Com muitas qualidades e um potencial de público inquestionável, porém, o filme tem alguns problemas graves. O andamento irregular e repetitivo talvez seja o maior deles, mas um aproveitamento desigual dos personagens, uma confusão de época e a falta de sutileza também incomodam. Há também a preocupação em gerar um sentimento determinado no público que às vezes parece maior do que a vontade de contar uma história emocionante e isso cansa, principalmente plateias que consumiram mais do que os filmes referenciados na obra.

Mas isso não é muito diferente do que chega de fora nos muitos multiplex por aí e é consumido sem medida. A reflexão que fica é: se o consumo do importado é válido por que não apostar também nisso? E, melhor, contando uma boa história e tentando quebrar barreiras. Que as distribuidoras percebam isso e realizem o potencial de público que Colegas tem.

Um Grande Momento

Colhendo o depoimento dos colegas do instituto.

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=8wzZfCpvDrs[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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