Crítica | Streaming e VoD

A Very Murray Christmas

(A Very Murray Christmas, EUA, 2015)

Musical
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Bill Murray, Paul Shaffer, Michael Cera, George Clooney, Miley Cyrus, Dimitri Dimitrov, David Johansen, Rashida Jones, Jenny Lewis, Amy Poehler, Chris Rock, Maya Rudolph, Jason Schwartzman, Julie White, Phoenix
Roteiro: Sofia Coppola, Bill Murray, Mitch Glazer
Duração: 56 min.
Nota: 3 ★★★☆☆☆☆☆☆☆

Depois de conquistar o mercado de streaming de vídeo, a Netflix resolveu apostar na distribuição. A empresa começou com uma incursão bem-sucedida com seriados e partiu para os filmes, entre eles está o média-metragem A Very Murray Christmas, uma tentativa de especial de Natal.

A ideia era promissora: juntar novamente a diretora Sofia Coppola e o ator Bill Murray, que já estiveram juntos em Encontros e Desencontros. Uma boa diretora e um excelente ator, que já demonstraram sua química em um título de sucesso, não poderiam dar errado. Mas não foi bem assim.

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Com roteiro escrito pela dupla juntamente com Mitch Glazer, do também natalino e estrelado por Murray Os Fantasmas Contra Atacam, vemos o ator sofrendo por ter que apresentar um especial de Natal ao vivo na televisão. No dia do show, véspera de Natal, a temperatura cai assustadoramente e a cidade de Nova York fica isolada. Fracasso certo, já que não poderá contar com a presença de nenhum convidado, Murray tenta, sem sucesso, se livrar do compromisso.

A presença da diretora Sofia Coppola só pode ser percebida nas primeiras tomadas do filme, quando Murray observa a solidão da cidade e canta, acompanhado pelo pianista Paul Shaffer, a bela The Christmas Blues, canção imortalizada nos anos 1950 por Dean Martin. Mas logo após a música, a coisa começa a desandar.

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Com participações estranhas de Amy Poehler, Julie White e Michael Cera, em uma encenação quadrada, forçada e nada verdadeira, acompanhamos o início desta história que, claramente, tenta relembrar os muitos especiais natalinos que costumavam ocupar as televisões no período. A questão que fica é porque assumir o risco de retornar a um formato que foi abandonado depois que a tecnologia invadiu o audiovisual e as televisões de tubo com pouquíssimos canais deixaram de estabelecer o programa a ser assistido pela família.

Mas, vá lá, saudosismo, vontade de retornar a infância ou qualquer outro motivo que Murray e Coppola tenham tido, o problema aqui vai além de formato e estética. As motivações para a execução das canções são superficiais e o desequilíbrio entre os desempenhos vocais é extremamente incômodo. Até mesmo aquele recurso fácil de apelar para o onírico está no filme.

O aborrecimento causado em quem está do outro lado da tela, porém, não deve ter estado presente no set de filmagem, onde todos parecem se divertir muito com a brincadeira musical. É como alguém que gosta muito de karaokê e tem a possibilidade de fazer um filme sobre isso. Obviamente, quem está cantando ou vendo os amigos cantar vai se divertir horrores, mas não vai deixar de ser uma brincadeira muito particular entre aquelas pessoas.

É exatamente essa a sensação que fica ao final de The Very Murray Christmas, a de um filme de pessoas se divertindo enquanto fazem um filme, mas que se esquece das pessoas que estão fora do set e o assistem.

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Para não dizer que tudo é ruim, Murray até que canta bem, assim como Maya Rudolph, que tem uma boa voz, mas precisa deixar de lado o tom de audição do The Voice. Paul Shaffer também exerce muito bem a sua função. Mas, juntando todas as qualidades, não há nada que valha os 56 minutos do filme.

Se é para ficar com especiais de Natal antiquados, talvez seja melhor manter o Roberto Carlos nosso de todo ano.

A Very Murray Christmas à parte, quero aproveitar a data para desejar um Feliz Natal a todos os leitores do Cenas de Cinema. Que a paz e o amor guiem o dia de todos vocês!

Um Grande Momento:
Quando acaba?

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Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=XJP3db3R014[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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