Festivais e mostrasFestival de Brasília

44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

Começa hoje a mostra competitiva do 44º Festival de Brasília, um dos mais famosos festivais de cinema do país. Ainda com as principais projeções no Cinema Brasília, o evento experimenta várias alterações nesta edição, como a antecipação da data de realização, a entrada na competição de títulos já exibidos anteriormente e a exibição simultânea dos títulos em outros cinemas do Distrito Federal (Cinemark Taguatinga, Teatro Sobradinho, SESC Ceilândia e CCBB).

Depois de perder muito de sua força com a exigência de ineditismo dos títulos; uma data tardia, posterior a eventos comercialmente mais interessantes, como o Festival do Rio e a Mostra de São Paulo, e uma programação que mal conseguia fugir dos títulos documentais, a Secretaria de Cultura do DF resolveu aplicar algumas modificações. Algumas agradaram, outras nem tanto assim.

O tom mais político pode ser percebido tanto na alteração de todo o quadro da Secretaria de Cultura responsável pelo evento, quanto na participação de nomes no mínimo curiosos, como José Dirceu, nos seminários realizados agora no Kubitschek Plaza, nova sede do Festival
no lugar do tradicional Hotel Nacional.

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Mas não, mantendo o hábito, a política vai além da organização e as manifestações do público não deixam dúvidas de que o bom e velho Festival de Brasília ainda é o mesmo. Não faltaram vaias, por exemplo, à atual ministra da cultura, Ana de Hollanda, na abertura do evento, que aconteceu ontem (26), às 20h30, na Sala Villa Lobos do Teatro Nacional.

O filme escolhido para iniciar o festival foi “Rock Brasília – Era de Ouro”, de Vladimir Carvalho. O documentário foi premiado no Festival de Paulínia e, junto com Conterrâneos Velhos de Guerra e Barra 68, completa a trilogia candanga de Carvalho.

Indo além da política, algumas mudanças podem trazer resultados positivos. Uma programação descentralizada, mais diversificada e interessante promete levar um público bem maior às salas de cinema.

Com número recorde de inscrições (624 produções), os filmes selecionados para a mostra competitiva são:

Longas-metragens

  • As Hiper-Mulheres, documentário dirigido por Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro que conta a história de um grupo de mulheres indígenas que se prepara para o jumurikumalu, ritual feminino do Alto Xingu.
  • Hoje, dirigido por Tata Amaral, com Denise Fraga, Cesar Troncoso, João Baldasseirine, Pedro Abhull, Lorena Lobato e Cláudia Assunção no elenco, sobre uma ex-militante que recebe uma indenização do governo pelo desaparecimento do marido.
  • Meu País, dirigido por André Ristum, com Rodrigo Santoro, Cauã Reymond, Débora Falabella, Anita Caprioli, Paulo José e Nicola Siri no elenco. Com estreia no circuito comercial marcada para o dia 07 de outubro, o filme fala sobre um homem que precisa voltar ao Brasil depois da morte repentina do pai.
  • O Homem Que Não Dormia, dirigido por André Navarro, com Bertrand Duarte, Evelin Buchegger, Fabio Vidal, Mariana Freire e Ramon Vane no elenco, sobre um vilarejo onde todas os habitantes têm o mesmo pesadelo.
  • Trabalhar Cansa, dirigido por Juliana Rojas e Marco Dutra, com Helena Albergaria, Marat Descartes, Naloana Lima e Marina Flores no elenco. Conta a história de uma mulher que resolve abrir o seu primeiro negócio. Estreia comercialmente dia 30 de setembro.
  • Vou Rifar Meu Coração, documentário dirigido por Ana Rieper sobre a influência da música popular romântica no imaginário romântico, poético e afetivo do brasileiro.

Curtas-metragens

Documentários

  • A Casa da Vó Neyde, de Caio Cavechini
  • Elogio da Graça, de Joel Pizzini
  • Ovos de Dinossauro na Sala de Estar, de Rafael Urban
  • Ser Tão Cinzento, de Henrique Dantas

Ficção

  • A Fábrica, de Aly Muritiba, com Andrew Knoll, Arnaldo Silveira, Eloina Duvoisin, Louise Forghieri, Ludmila Nascarela, Marcel Szymanski, Moa Leal e Otavio Linhares.
  • De Lá Pra Cá, de Frederico Pinto, com Horacio Camandulle, Luciana Éboli e Maysa Franco.
  • Imperfeito, de Gui Campos, com Hanna Reitsch e Sérgio Sartório.
  • L, de Thais Fujinaga, com Sofia Ferreira, Luis Mai King, Henrique Schafer e Cheng Ne.
  • Premonição, de Pedro Abib, com Antônio Pitanga, Agnaldo Lopes, Pist Mota, Robson dos Santos, Gil Novaes, Eduardo Oliva, Clarisse Torres e Luisa Prosérpio.
  • Sobre o Menino do Rio, de Felipe Joffily, com Silvia Buarque, Sergio Malheiros e Giselle Lima
  • Três Vezes por Semana, de Cris Reque, com Irene Brietzke, Marley Danckwardt, Ida Celina, Áurea Baptista e Darlene Glória
  • Um Pouco de Dois, de Danielle Araújo e Jackeline Salomão, com Juliana Drummond, Vinícius Ferreira, Mariana Dap, PH Caovilla, Elisa Setti e Eduardo Rombauer

Animação

  • 2004, de Edgard Paiva
  • A Mala, de Fabiannie Bergh
  • Bomtempo, de Alexandre Dubiela
  • Cafeka, de Natália Cristine
  • Céu, Inferno e Outras Partes do Corpo, de Rodrigo John
  • Ciclo, de Lucas Marques Sampaio
  • Media Training, de Eloar Guazzelli e Rodrigo Silveira
  • Menina da Chuva, de Rosaria
  • Moby Dick, de Alessandro Corrêa
  • Quindins, de David Mussel e Giuliana Danza
  • Rái Sossaith, de Thomate
  • Sambatown, de Cadu Macedo

Júri

Os jurados para a mostra competitiva de longas e curtas-metragens são a diretora e roteirista Ana Luíza Azevedo (Antes que o Mundo Acabe), o diplomata e ex-presidente da Embrafilme e da Riofilme Arnaldo Carrilho, a atriz Hermila Guedes (O Céu de Suely), o ator Roberto Bomtempo (Quem Matou Pixote?), o diretor Toni Venturi (Estamos Juntos), o diretor Vladimir Carvalho (O País de São Saruê).

O diretor e fotográfo André Carvalheira (Rock Brasília: A Era de Ouro) e os diretores de animações Otto Guerra (Nave Mãe) e Leonardo Cata Preta (O Céu no Andar de Baixo) são os responsáveis pela escolha do melhor curta de animação.

Muito mais filmes

A produção cinematográfica do Distrito Federal recebe uma mostra própria, a Mostra Brasília, que acontece no Auditório 1 do Museu Nacional da República, de 27 de setembro a 1º de outubro. São 59 curtas-metragens e quatro curtas de animação.

A Mostra Panorama Brasil traz ao Cine Brasília, em sessões vespertinas, títulos que têm chamado a atenção em outros festivais brasileiros. Os filmes selecionados são o vencedor do Cine Ceará, Mãe e Filha, de Petrus Cariry; o melhor documentário do Festival de Paulínia, Rock Brasília – Era de Ouro, de Vladimir Carvalho; Uma Professora Muito Maluquinha, de André Alves Pinto e Cesar Rodrigues e Iván – De Volta para o Passado, de Guto Pasko.

Também no Cine Brasília, sempre às 15h, acontece a Mostra Primeiros Passos, realizadores estreantes ou não, exibem seus primeiros longas. Na programação, Léo e Bia, de Oswaldo Montenegro; Periférico 304, de Paulo Z; A Cidade É uma Só?, de Adirley Queirós e Cru, de Jimi Figueiredo.

A criançada também pode aproveitar o Festival de Brasília com a seleção de filmes que integra o Festivalzinho Animado. Escolas previamente agendadas conferem 32 curtas com temática infantil em sessões realizadas no Cine Brasília, CCBB, Jardim Botânico, Park Way, Lago Sul, Águas Claras, Candangolândia, Ceilândia, Cruzeiro, Guará, Núcleo Bandeirantes, Riacho Fundo II, Samambaia, Sobradinho, Sobradinho II e Taguatinga.

Muito mais eventos

Além das salas de exibição, o Festival de Brasília ainda conta com vários eventos paralelos. Seminários, oficinas e cursos acontecem no Kubitschek Plaza Hotel, Museu Nacional e Escola Técnica da Ceilândia.

Vários shows musicais também animam a Praça do Festival, no Cine Brasília.

A programação completa e mais informações podem ser conferidas no site do festival.

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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