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Gnomeu e Julieta

(Gnomeo & Juliet, GBR/EUA, 2011)

Comédia
Direção: Kelly Asbury
Elenco: James McAvoy, Emily Blunt, Ashley Jensen, Michael Caine, Matt Lucas, Jim Cummings, Maggie Smith, Jason Statham, Ozzy Osbourne, Stephen Merchant, Patrick Stewart, Julie Walters, Hulk Hogan, Kelly Asbury, Richard Wilson, Dolly Parton
Roteiro: Rob Sprackling, John R. Smith, Andy Riley, Kevin Cecil, Kelly Asbury, Steve Hamilton Shaw, Mark Burton
Duração: 84 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

“A história que vocês vão ver agora já foi contada antes. Um monte de vezes!”

Assim começa essa divertida adaptação da talvez mais famosa peça de William Shakespeare. Sim, sim, como o próprio nome já diz, estou falando daquela história em que dois jovens ignoram a rivalidade de suas famílias e se apaixonam perdidamente. Com começo, meio e final conhecidos, esse amor foi parar nos cinemas muitas vezes e rendeu algumas boas histórias e outras nem tão boas assim.

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Gnomeu e Julieta não é tão bom como alguns outros longas que contam a mesma história, mas está longe de ser ruim e, como o bom passatempo que é, diverte do começo ao fim. Além da sensação de intimidade, pois estamos revendo algo que é muito familiar enquanto ouvimos canções pop também conhecidas, o que mais chama a atenção no roteiro é o humor com que o texto é tratado. Cheio de boas piadas, referências, homenagens e modificações necessárias a uma adaptação infantil desta conhecida tragédia.

A bela Verona dá lugar a Stratford-Upon-Avon, cidade natal do escritor inglês, e a maior parte das ações acontece no quintal de dois vizinhos que não fazem a menor questão de ser simpáticos um com o outro. Nos jardins, vivem simpáticos anões de jardim de cerâmica que ganham vida quando não há humanos por perto, se distinguem uns dos outros pela fixação na cor da decoração de suas casas e se odeiam tanto ou mais que os seus proprietários. No terreno do Sr. Capuleto estão os vermelhos Lorde Redbrick, sua filha Julieta e o nervosinho Teobaldo e no da Sra. Montéquio, os azuis Lady Blueberry, seu filho Gnomeu e o fiel Benny.

É neste universo de enfeites de decoração que acompanhamos as eternas briga e competição entre os pequeninos vermelhos e azuis e vemos nascer o amor dos dois jovens inimigos que se apaixonam sem saber suas origens. Corridas de cortadores de grama a la Rebeldes sem Causa, coreografias de kung-fu com direito a diálago em mandarim, fugas e escapadas dão o tom de ação necessário à trama e o humor, presente em todo o texto, se evidencia em alguns de seus bem desenvolvidos personagens, como a sapa-chafariz ama de Julieta, o flamingo rosa solitário e falador e até o próprio Shakespeare que, em estátua, tem uma ponta no filme.

A dublagem original é ótima. James McVoy e Emily Blunt são Gnomeu e Julieta; Meggie Smith e Michael Caine, seus respectivos pais, e, além deles, Jason Stewart, Jason Statham, Ozzy Osbourn e Julie Walters dão vida aos muitos enfeites de jardim. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito da versão em português, que exagera mais do que o necessário e chega a cansar.

Tudo isso, somado a uma animação de qualidade, um visual colorido e um apuro impressionante com a sonoplastia, torna a experiência bem interessante para os espectadores, mas, ainda assim, não esconde a falta de ritmo da primeira parte do filme, amenizada da segunda parte em diante. A escolha de algumas baladas, que só funcionam com quem tem alguma intimidade (e admiração) com a obra de Elton John, autor de todas as músicas e também produtor do filme, pode cansar. Os avessos a musicais também podem não gostar.
Mas vale a pena conferir tanto pelo valor literário como pelo ótimo trabalho de adaptação. Um excelente programa para toda a família.

Preste atenção nos detalhes e diálogos do filme. Quase sempre há um monte de referências deliciosas.

Um Grande Momento

“I wish I knew how to quite you…”
“Let’s go fishing…”

Links

IMDb Site Oficial [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=cBwM93Two_8[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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