Crítica | FestivalMostra SP

Blowfish

(Hetun, TWN, 2011)

Drama
Direção: Chi Yuarn Lee
Elenco: Vicci Pan, Kang Jen Wu, Yi Ching Lu, Angel Yao, Hong Xiu Wu
Roteiro: Chi Yuarn Lee, Vicci Pan
Duração: 88 min.
Nota: 10 ★★★★★★★★★★

Xiao-Zhun é uma garota tímida que trabalha como ascensorista em uma grande loja de departamentos e cuida de seu peixe de estimação. Ao retornar um dia mais cedo para a casa e descobrir que estava sendo traída por seu namorado, resolve colocar seu peixe à venda em um site de compra e venda na internet. Ao levá-lo à casa do comprador, Wu Kang-jen, um técnico de beisebol de hábitos rudes e poucas palavras, Xiao-Zhun lhe pede para que ela mesma coloque o animal de estimação no aquário do novo dono. É quando ela decide não mais ir embora.

“Blowfish” conta uma história de amor. Do amor em toda a sua grandeza de sentimentos e também do seu lado obscuro e destrutivo. O peixe que dá nome ao filme e que por aqui chamamos de baicu, é considerado o símbolo do amor na China e em outros países asiáticos. Não à toa, já que o baiacu infla até se tornar ameaçador aos seus predadores e pode matar um homem com seu veneno, se consumido de forma inadequada. E essa metáfora está presente no filme o tempo todo, como quando a jovem Xiao-Zhun resolve tirar o peixe do local onde vivia com o seu namorado e o leva para a casa do homem por quem vai se apaixonar. Ou mesmo quando as duas mulheres que aspiram o amor de Wu Kang-jen trocam o peixe entre si.

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Além da simbologia, o filme do taiuanês Chi Yuarn Lee aborda a temática do amor com uma doçura onipresente, mesmo quando trata de sua faceta mais obscura. Ainda que a cena mostrada seja a forma como Xiao-Zhun é possuída violentamente por seu amante, até então um desconhecido, há nos planos fechados no rosto da jovem e no ritmo lento da montagem uma percepção que nos afasta da opressão que esse tipo situação normalmente causaria, quase que indicando um certo caráter trascendente na relação que se inicia.

A direção de arte é um dos pontos altos do filme, desde a apresentação da casa de um solitário Wu Kang-jen, um ambiente triste e escuro, até a alegre descoberta do quarto de Flora por Xiao-Zhun, com muita luminosidade e cores alegres, o que retrata com precisão a expectativa da jovem para uma nova vida, algo etéreo e carregado de esperanças como um sonho. As belas cenas e planos cuidadosos contrastam com os pouquíssimos diálogos do filme. As falas são raras, mas compreensivelmente desnecessárias. “Blowfish” fala por si só.

Um Grande Momento

A valsa com a vizinha.

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Fernando Colella

Publicitário de formação e estudante de filosofia, Fernando é daqueles que não perdem uma oportunidade de ir ao cinema e adora comprar novos títulos para sua DVDteca. Ele gosta de clássicos, cinema europeu e títulos alternativos, mas não deixa de ver blockbusters, mesmo que eles sejam adaptações literárias infanto-juvenis de gosto duvidoso ou comédias românticas com atrizes canastronas.
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