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Maradona

(Maradona by Kusturica, ESP/FRA, 2008)

33ª Mostra Internacional de CinemaO diretor bósnio Emir Kusturica é tão cheio de si que, se deixassem, faria um documentário sobre ele mesmo e sua produção audiovisual. Mas alguém com um ego muito maior acabou chamando sua atenção e ganhando admiração: o jogador de futebol argentino Diego Maradona. O filme acabou sendo sobre o craque, mas é claro que muito se fala também do diretor de Gato Preto, Gato Branco, que é apresentado a platéia tocando guitarra como o Diego Armando Maradona do cinema.

O longa junta em um mesmo local entrevistas, jogadas, momentos da vida de Maradonna e cultos da estranha e divertida Igreja Maradoniana. Além disso, Kusturica relaciona o jogador com a política e, claro, com os personagens de seus filmes.

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Maradona é genial. Cada vez que começa a falar com seu jeito bonachão, traz consigo quem acompanha o filme e consegue cativar, mesmo sendo muito convencido. Ao expor o seu engajamento político, sua crença na América Latina e até seu problema com a cocaína ele consegue ir muito além dos seus feitos no campo de futebol, onde parecia dançar com as bolas nos pés (e isso independente de estar representando clubes ou a seleção argentina).

Outro achado de Kusturica foi a Igreja Maradoniana, uma seita criada pelos fãs de Maradona com altar, culto, preces e datas comemorativas. Assim como a igreja católica, tem batismo – uma cerimônia onde o iniciado precisa repetir o gol de mão – e casamento.

Depois de anos de filmagem, com uma boa montagem, o diretor consegue fazer um passeio interessante por toda história do craque e demonstrar bem seu lado humano. Ainda que algumas escorregadas no meio do caminho, com passagens que poderiam ser menores e menos repetitivas, possam cansar alguns espectadores.

Outra coisa que pode deixá-los frutrados é descobrir que a Argentina nem tem essas preocupações todas com o Brasil. O negócio deles é contra a Inglaterra. Ou seja, enquanto nós não gostamos da Argentina por motivo nenhum, eles tem a guerra das Malvinas e todos os seus mortos para justificar seu rival nos campos.

Competições a parte, conhecer melhor Maradona é uma experiência que vale qualquer repetição e duração excessiva e é fácil sair do filme gostando muito mais dele, seja dentro ou fora dos campos.

Um Grande Momento

O pai nosso maradoniano.

Horários na Mostra

24/10/2009 – 12:00 – Reserva Cultural (Sessão: 172)
25/10/2009 – 22:00 – Cinemark: Shopping Eldorado (Sessão: 303)
30/10/2009 – 19:00 – Cinemark: Shopping Cidade Jardim (Sessão: 833)
04/11/2009 – 16:10 – Unibanco Arteplex 1 (Sessão: 1257)

Indicação Classificativa: 14 anos.

Links

Trailer

Documentário
Direção: Emir Kusturica
Roteiro: Emir Kusturica
Duração: 90 min.
Minha nota: 7/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
1 Comentário
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Dr Johnny Strangelove
Dr Johnny Strangelove
24/10/2009 23:36

Convivendo com argentinos faz reforçar o quanto ele é idolatrado aqui. A midia daqui só mete esculacho, mas tudo que ele faz, o povo toma para si por que ele é um genuino representante do povo.

E sobre as Malvinas … bem … a história é looooooonga demais meu anjo …

Abraços!

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