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Hotel Atlântico

(Hotel Atlântico, BRA, 2009)

Festival do Rio 2009Depois de explorar o universo feminino nos filmes A Hora da Estrela e Uma Vida em Segredo, Suzana Amaral se volta para o masculino com Hotel Atlântico, livremente inspirado no livro homônimo do escritor gaúcho João Gilberto Noll.

Um ator depressivo viaja do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul, passando por Santa Catarina, atrás de um sentido para a sua vida. Na viagem passa por situações inusitadas e por grandes riscos de vida.

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O filme mescla bem momentos de suspense, tensão e humor e tem vários personagens interessantes, mas, como toda obra cinematográfica baseada em literatura, parece acontecer mais rápido do que deveria e perde na construção de cada uma dessas personagens e na ligação dos momentos da trama.

Júlio Andrade está excelente e transita muito bem entre a solidão, o vício pelas mulheres, o medo e a frustração do protagonista Alberto. Fora alguns poucos exageros de uns e falta de experiência de outros, o elenco de apoio apresenta a mesma qualidade.

Sem saber se aquilo não passa de um delírio, de uma viagem depressiva ou da vida do personagem, o público busca dicas e explicações em vários momentos e consegue se divertir com aquele retrato da falta de lógica dos acontecimentos da vida, mas se frusta com um final que parece não ter compreendido as intenções do autor do livro ou, simplesmente, não tinha como acontecer. E não existe nada pior para um longa do que um final frustrante. Parece que todas as qualidades do filme vão sendo esquecidas enquanto sobem os créditos.

O trabalho dos atores; a trilha sonora, mantida do livro; a dinâmica de road movie; cenas bem interessantes; a indefinição, sempre presente, do fim da realidade e o começo da atuação, indefinindo o que naquilo tudo é uma farsa; e o próprio retrato da depressão que é Alberto ou o Artista se perdem e o efeito final, quase injusto, é o de insatisfação.

Porque o conjunto é bom e consegue proporcionar a viagem, consegue demonstrar bem a imprevisibilidade a qual todos estão sujeitos, mas não tem coragem ou vontade ou ânimo para terminar como devia.

Um Grande Momento

Pipoca.

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Drama
Direção: Suzana Amaral
Elenco: Júlio Andrade, Gero Camilo, Luis Guilherme, Lorena Lobato, João Miguel, Mariana Ximenes, Helena Ignez, Jiddú Pinheiro, Marcia Martins, André Franteschi, Renato Dobal, Emerson Danesi
Roteiro: João Gilberto Noll (romance), Suzana Amaral
Duração: 107 min.
Minha nota: 6/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
1 Comentário
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Ygor Moretti Fiorante
Ygor Moretti Fiorante
30/09/2009 20:32

Gosto muito do trabalho do Gero Camilo, e esse outro ator parece ser o mesmo que fez Cão sem dono, se o for é de qualidade também.

abraço!

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