Crítica | Festival

Deadgirl

(Deadgirl, EUA, 2008)

Quem costuma ler meus comentários sobre filmes de terror sabe que eu acho a produção estadunidense uma das mais fracas que existem. Pouco criativas e dependentes de derramamento de sangue, são poucas aquelas que conseguem chamar alguma atenção.

Claro que uma vez ou outra acontece alguma surpresa, mas o resultado, apesar de ter o seu valor, quase nunca alcança o nível dos filmes sombrios de outros países. Por isso, quando um filme como Deadgirl aparece, a gente tem que mandar parar tudo e prestar bastante atenção, afinal é raro algo bom e com significado por lá.

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Dois amigos adolescentes invadem um hospício abandonado e descobrem o corpo preservado de uma garota em uma das salas do local. Embora pareça estar morta, ela ainda tem algumas reações.

A história é bizarra, mas exageros à parte, representa muito bem a juventude perdida dos tempos atuais. Com graves distúrbios morais e uma falta de limites absurda, muitos dos adolescentes hoje em dia não pensam nas consequências de seus atos e vivem muito mais por seu prazer imediato.

O ambiente escolar é conhecido e bem característico dos Estados Unidos. Os grupos de bonitões e nerds são bem definidos e seus personagens seguem bem os padrões esperados. Rickie e J. T. são dois amigos inseparáveis, estão sempre meio deslocados da turma e conseguem manter um certo equilíbrio com suas diferenças de personalidade.

Tecnicamente, o filme é correto. Tem uma boa direção de arte, uma trilha sonora condizente e uma fotografia discreta, o que tem muitos méritos quando o gênero do longa é levado em conta. Os atores estão confortáveis em cena, com destaque para Shiloh Fernandez, que dá vida ao quieto Rickie.

O terror, quase pano de fundo, é eficiente e causa os sustos desejados. O roteiro é ótimo e funciona bem. Todas as situações vividas com a garota do título são muito bem trabalhadas e causam um misto de nojo e desesperança em quem acompanha a história.

Apesar de todo o pessimismo, o filme merece ser visto. Por toda a sua originalidade e, principalmente, pela mensagem que sai da tela para atingir em um só golpe o estômago dos espectadores.

O filme esteve presente na programação do SP Terror e de vários festivais de cinema fantástico pelo mundo. A estréia comercial acontece no próximo dia 24 de julho, nos Estados Unidos.

Um Grande Momento
Tentando acabar com o absurdo.

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Terror
Direção: Marcel Sarmiento, Gadi Harel
Elenco: Shiloh Fernandez, Noah Segan, Michael Bowen, Candice Accola, Andrew DiPalma, Eric Podnar, Nolan Gerard Funk, Jenny Spain
Roteiro: Trent Haaga
Duração: 101 min.
Minha nota: 8/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
6 Comentários
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João
João
15/12/2010 17:10

Eu estou assistindo esse filme agora e não acho que tenha a ver com a moral atual ou com a adolescência. O filme mostra a nossa capacidade de transformar humanos em objetos e a vontade de querer exercer poder sobre eles. Guerra, tortura, estupro, violência física, carnal… Em algum lugar do mundo está acontecendo essas coisas neste exato momento. Seja em algum porão no Iraque onde americanos estão se “divertindo” com prisioneiros, na China ou na esquina da sua casa. Exemplos: Maníaco do parque, bandido da luz vermelha e aquele caso mais atual aqui no Brasil onde a mulher foi cortada em pedaços e jogada aos cães. Esses modos primitivos existem desde que a nossa história começou neste planeta. O filme não convida a uma discussão moral, de repressão. Não há moral da história.

Cecilia Barroso
Cecilia Barroso
30/07/2009 03:34

Oi, gente!

Vinícius – É muito interessante!
Foi uma das boas surpresas do cinema estadunidense dos últimos tempos. Tomara que estréia no Brasil.

Adriano – Deixe Ela Entrar é um filme maravilhoso. Daqueles que a gente não encontra sempre por aí. Falei sobre ele aqui e já sei que o remake vai ser uma droga.

Retratos da Vida – Que bom que você gostou! Seja muito bem vindo! E boa sorte no Top Blog!

Fabrício – Oi, Fabrício! Ando numa correria tão grande aqui que estou meio relapsa com comentários e selos. Mas muito obrigada pela lembrança. Passarei por lá sim.

Beijocas a todos!

Fabrício Mohaupt - Tito
Fabrício Mohaupt - Tito
24/07/2009 19:07

Bom dia!

P.S.: Recebi um selo no blog "Hiperatividade"(http://titomohaupt.blogspot.com/) e estou repassando ao teu blog.

Passe lá para pegá-lo, ok?

Retratos da Vida
Retratos da Vida
24/07/2009 10:49

Ooops…adoro cinema…parabéns pelo blog, vou acompanhar, com certeza…
Estamos pertinho lá na votação dos 100 Top Blog, bacana conhecer vcs, abs Marco Angeli

Adriano Martins
Adriano Martins
23/07/2009 09:28

Este vou querer ver!
Também penso como você em relação aos filmes de Terror/Suspense vindo dos EUA, espero sempre alguma boa surpresa no gênero, mas é difícil.

O último que vi foi "Deixe ela entrar" da Suécia, e achei fantásico. Tanto que vai rolar remake americano – Tá acabando a criatividade por lá!

Vinícius P.
Vinícius P.
22/07/2009 04:24

Confesso que nem tinha ouvido falar desse filme ainda, mas pelo seu texto fiquei bem interessado – principalmente pela trama pra lá de estranha…

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