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O Ano em que Meus Pais Sairam de Férias

(O Ano em que Meus Pais Sairam de Férias, BRA, 2006)

Drama

Direção: Cao Hamburguer

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Elenco: Michel Joelsas, Germano Haiut, Paulo Autran, Simone Spaladore, Eduardo Moreira, Caio Blat, Daniela Piepszyk, Liliana Castro, Rodrigo dos Santos

Roteiro: Adriana Falcão, Claudio Galperin , Cao Hamburger, Bráulio Mantovani, Anna Muylaert

Duração: 104 min.

O competente Cao Hamburguer nos presenteia com um filme apaixonante. Apesar de o tema ditadura militar já estar batido e explorado demais, a narrativa nos surpreende ao desnudar a questão através dos olhos de uma criança.

O menino Mauro é levado pelos pais, integrantes de um grupo guerrilheiro, à casa de seu avô judeu. O que eles não sabem é que o velho acabara de morrer e o pequeno terá que ficar com os vizinhos, sem compreensão do que está acontecendo e à espera de notícias dos pais.

A história acontece no ano de 1970 e tem de um lado a perseguição política, a movimentação estudantil, as greves; e de outro, a Copa do Mundo com uma seleção fadada a ser campeã.

O roteiro é muito cuidadoso com o momento histórico, assim como a fotografia, de Adriano Goldman. O menino Michel Joelsas é uma graça e consegue encarnar com perfeição um menino perdido e assustado com o mundo que é obrigado a enfrentar.

Hamburguer, depois do excelente Castelo Rá-Tim-Bum, confirma que sabe como conduzir um filme com sensibilidade e competência. Primando por seqüências estilosas e por atuações dedicadas.

O filme bateu grandes sucessos de público, como Tropa de Elite, e acabou, com mérito, sendo indicado ao Oscar de filme estrangeiro.

Ontem (15/01), saiu o anúncio de que o longa havia sido pré-selecionado para concorrer à estatueta. Ele, agora, faz parte de uma lista com outros oito filmes estrangeiros: The Counterfeiters, de Stefan Ruzowitzky (Áustria); Days of Darkness, de Denys Arcand (Canadá); Mongol, de Sergei Bodrov (Cazaquistão); Beaufort, de Joseph Cedar (Israel); A Desconhecida, de Giuseppe Tornatore (Itália); Katyn, de Andrzej Wajda (Polônia); 12, de Nikita Mikhalkov (Rússia); The Trap, de Srdan Golubovic (Sérvia).

De acordo com o calendário da Academia, a próxima etapa para a definição dos cinco finalistas acontece em Los Angeles e Nova York, quando integrantes selecionados aleatoriamente assistem aos títulos e escolhem seus favoritos.

Independente de prêmios, é um filme que deve ser visto por todos os brasileiros e, principalmente, por aqueles que gostam de cinema.

Um Grande Momento

A reaproximação com o vizinho.


Prêmios e indicações
(as categorias premiadas estão em negrito)

Festival de Berlim: Urso de Ouro

Festival de Havana: Música (Beto Villares), Grand Coral

Festival do Rio: Escolha da Audiência

Associação de Críticos de São Paulo: Roteiro

Festival de São Paulo: Júri Internacional, Filme Ficcional, Escolha da Crítica, Menção Especial (pela elaboração visual)

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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